Depois de mais uma noite de amor ao lado de seu poeta,
a loba se trancava em sua solidão.
Adormecida sonhava com os abraços de seu
amante e sonhando suspirava a felicidade dos momentos de amor que tinha a seu
lado. Uma loba nas horas em que o sol cobria o bosque com seus brilhos
dourados. Uma mulher quando a lua cobria de prata as noites orvalhadas. Nunca
soube ao certo o motivo deste doloroso destino. Uma magia? Maldição? Nunca
soube o que sucedera. Porém, estava vivendo os únicos momentos de felicidade
que a vida lhe proporcionava, e estes momentos lhe chegou em forma de poesia.Como
que para quebrar o encanto o destino lhe
apresentou o poeta ,um homem que por si
só já era uma poesia. A seu lado tinha vivido momentos de paixão, loucuras de
amor e desejos. Tinha descoberto a felicidade de seus momentos de mulher. O
poeta conhecia seu segredo, sabia ser impossÃvel viver a seu lado como em uma
vida normal. Mesmo assim a amava, a desejava e sabia lhe fazer feliz. Seu
segredo não era o bastante para distanciar o poeta da loba-mulher. Ele a fazia
viver intensamente as noites a seu lado.
Acordando daquele momento de letargia,
ela contemplou ao longe, a lua que surgia brilhante e convidativa, lua dos
amantes, lua da loba e do poeta. Correu velozmente por entre as árvores do
bosque... Correu ao encontro de seu amado, seu poeta. Cada vez que a distancia
encurtava a metamorfose acontecia e, ao
chegar no lugar que tinha servido de braços para acolher os amantes, o poeta
já se encontrava esperando sua amada. A
loba agora já não existia, ali estava uma bela mulher. Corpo desnudo, branca
tal qual a lua que brilhava no alto da colina. Suas madeixas caiam-lhe a
cintura e seus olhos eram chispas de desejo e amor. Cada encontro era mágico,
era novo. Abrindo os braços convidou o poeta a lhe amar, a completar seu fascÃnio feminino. O poeta lhe contemplava com paixão, amor, corpo inflamando de
desejos. Sem mais esperar a tomou nos braços e iniciou o ritual dos amantes. Já
estava difÃcil seguir uma respiração normal, se desejavam como se fosse a ultima vez, se tragavam entre sussurros e
gemidos, ou seria entre sussurros e uivos? Viviam sua história de amor. Naquele
momento só lhes importava saciar a fome que lhes consumia o corpo. Ele a
possuiu desesperadamente, e no momento em que ela o teve dentro de
si, sentiu uma lagrima que solitária resvalou em seu rosto de mulher. O poeta lhe acariciava
o corpo incrédulo do prazer que recebia e que causará naquele ser tão misterioso.
Suas mãos se fechavam nos seios da
mulher que arfava sem conter o frenesi. Sua boca passeava lentamente no corpo feminino se perdendo na
passagem secreta do êxtase que a tomava. Seus dedos a tocavam ardentemente e ela enlouquecida parecia se
perder em meio ao prazer que o poeta lhe causara. Sentia escorrer por suas
coxas o liquido viscoso e quente que aflorava do amor que faziam. Ambos se
entregavam a loucura das noites febris, sem medo, sem receios. Amavam-se e se queriam,
naquele momento o que menos importava era o segredo que envolvia aquela mulher.
De repente, ao sentirem os raios do sol que nascia, se deram conta que se
amaram durante toda noite, mas que
novamente era forçoso o adeus! Olharam-se em silencio, com lágrimas nos olhos o
poeta viu seu amor desaparecer, agora não mais em forma de mulher, mas uma loba
triste e solitária. Voltar-se-iam a se encontrar? Só o destino poderia responder.
Mas ele estaria ali, todas as noites, esperando a loba que em seus braços se
fazia mulher. Ansiando para matar a saudade, se completarem e fazerem amor.
Lá ao longe, sem que o poeta percebesse,
a loba parou, olhou para trás e implorou em seu coração:
- Meu poeta, voltarei pra você, me
espera. Não desista de mim...
Por: Sandra Paula
Nossa Sandra...agora pirei da batatinha. Que lindo texto! Uma capacidade surpreendente de tornar real a fantasia e fazer a leitura totalmente envolvente. Parabéns. Queria ter esta loba comigo sempre, para sempre. BelÃssimo texto poetisa, beijos.
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